Memoria . Description
A possível falta de privacidade no interior da moradia devido à proximidade dos vizinhos conduziu à criação de um objecto que vive dele próprio, e do seu exterior. Partimos assim de um objecto regular que se fecha aos vizinhos. As aberturas são cuidadosamente estudadas de modo a garantir a privacidade e a intimidade próprias de uma habitação unifamiliar.
Esta condicionante visual resulta, também, num controle e condução de vistas desde o interior, evitando que as vistas da casa sejam para vizinhos, conduzindo o olhar para o oceano ou para o vazio espacial.
Porém mais do que aberturas propomos espaços, momentos de estar. Não são simples janelas ou portas, são arquitectura, são o vazio dentro do construído. São também um elemento fundamental para o controle da iluminação solar, já que são também uma barreira à entrada de luz directa.
A criação de vazios é intensificada pelos corpos superiores que se deslocam no plano horizontal criando sombra e abrigo.
O volume arquitectónico é agora uma peça onde a luz e a relação visual com exterior criam espaços, constroem momentos de estar, de vida.
Os espaços de exterior entram no volume, desfragmentando-o, descompondo-o. Obtemos assim uma planta com cheios e vazios, onde o interior e o exterior se fundem e se complementam.
Paralelamente a sua implantação, em forma rectangular, é desfragmentada segundo os níveis pela qual é composta. O objecto sofre ligeiras torções, movimentos. Assume vida, cria vida.
Este movimento de deslocação liberta a peça arquitectónica, transmitindo-lhe leveza e simultaneamente espectacularidade. O movimento é regrado e controlado, dotando o objecto arquitectónico de elegância e simplicidade, em oposição ao movimento.
Estes dois gestos, criação de vazios e construção de movimento, resultam numa peça arquitectónica rica em momentos espaciais, unitária, e com uma identidade forte.
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