Memoria . Description
A demolição da biblioteca existente, manifestamente insuficiente e inadequada para as necessidades actuais, sustentada pela não identificação de um valor patrimonial acrescido dos edifícios existentes e da fraca relação urbanística e hierárquica dos mesmos com a vila, permitem apresentar uma proposta com um forte carácter unitário e em perfeito diálogo com a sua envolvente imediata.
Pretende-se a criação de um edifício integrado desde o ponto de vista volumétrico, respeitador dos cheios e vazios que constituem a riqueza do desenho urbana. O edifício apresenta-se como um bloco paralelepipédico de matéria sólida (espaço) que ocupa a totalidade do lote existente. Posteriormente, o bloco é trabalhado através de subtracções de matéria (escavações) que irão constituir espaços exteriores ao edifício.
As subtracções realizadas integram-se nas tendências volumétricas e morfológicas do edificado envolvente, reproduzindo as diferentes cérceas e larguras das fachadas confinantes sem, no entanto, se perder a ideia unitária de edifício. O resultado conseguido é uma volumetria ajustada ao local, vista como uma unidade funcional.
A hierarquia programática está patente na definição dos percursos e dos espaços, delimitando claramente acessos sem no entanto os enclausurar. A criação de pátios que trazem luz ao interior, cria uma forte relação visual entre os vários espaços ainda que tenham conteúdos funcionais opostos.
Os espaços de circulação pretendem-se generosos adaptados ao fluxo de utentes e as dimensões espaciais criadas. O átrio de distribuição, amplo na sua configuração, permite uma fácil orientação e identificação espacial através do pé direito duplo que comunica os dois níveis do edifício. Destaca-se ainda a clara separação de funções necessária para o bom funcionamento do equipamento, possibilitando assim, diferentes horários e tipos de funcionamento.
O Pátio na sua proporção "acolhedora" - devido à sua dimensão dentro da escala do edifício - , adquire uma identidade visual una, através da aplicação de uma pele uniforme que revestirá as paredes opacas que o constituem.
As áreas exteriores, ou seja, os pátios que constituem matéria escavada, bem como os vãos de vidro das áreas de funcionamento da Biblioteca, encontram-se revestidos por uma pele composta por gelosias. Com origem numa matriz composta por um quadrado e pelas suas diagonais, foram desenvolvidos três módulos construtivos diferentes, posteriormente, os módulos foram conjugados em painéis, tendo em conta o grau de permeabilidade visual pretendido para cada espaço, a composição estética final das fachadas e um grau de sombreamento equilibrado.
Propomos assim um edifício que se completa e vive do seu envolvente. Mantemos a história reinterpretando a memória do existente. Propomos espaços ricos em luz, que contam histórias e se adaptam ao presente.
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